Fonte: Outras Palavras (http://outraspalavras.net/capa/stiglitz-por-que-e-preciso-negar-as-patentes/)

Ni!

Foi traduzido esses dias um texto de Stiglitz e outros sobre o imperativo de recusar patentes para promover desenvolvimento no século XXI.

http://outraspalavras.net/capa/stiglitz-por-que-e-preciso-negar-as-patentes/

Esse texto é interessante em si, mas também é uma chamada para ler o artigo completo dos pesquisadores, que fazem uma análise teórica e empírica dos fatos em torno do tema, propondo melhores abordagens para inovação no século XXI:

http://cepr.net/images/stories/reports/baker-jayadev-stiglitz-innovation-ip-development-2017-07.pdf

Abraços,
l
e
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O vídeo é resultado do projeto Ciência Aberta Ubatuba, uma pesquisa-ação, coordenada pelo IBICT, como parte da OCSDNet Open and Collaborative Science in Development , com o apoio financeiro do IDRC/Canada e da UKAid.

As imagens foram gravadas ao longo da realização do projeto e complementadas com entrevistas para a produção do vídeo. Estão sendo também lançados mais 17 entrevistas gravadas durante a sua produção.

A documentação do projeto está disponível pelo site-blog do projeto, pela sua wiki e também em um canal no Youtube

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Vista da sala de reuniões do IBICT no Rio de Janeiro

Ni!

O minicurso “Diálogos de pesquisa: ciência aberta, ciência cidadã, ciência comum” terá início dia 27 de março na COEPE/IBICT, organizado pelo LIINC. Veja abaixo a programação!

27/03 – ABERTURA EM QUESTÃO: ciência aberta e ciência comum
Sarita Albagli (IBICT), Anne Clinio (Liinc)

03/04 – COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E PUBLICAÇÃO ABERTA
Simone Weitzel (Unirio)

10/04 – PRODUÇÃO COLABORATIVA DO CONHECIMENTO EM DEBATE
Sergio Amadeu (UFABC)

17/04 – VISUALIZAÇÃO DE DADOS NA CIÊNCIA ABERTA E CIÊNCIA CIDADÃ
Marina Boechat (Travelaer)

24/04 – REGIMES EMERGENTES DE APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO
Allan Rocha (UFRRJ, PPED/IE/UFRJ)

08/05 – CIÊNCIA CIDADÃ E LABORATÓRIOS CIDADÃOS
Henrique Parra (Unifesp)

15/05 – DADOS CIENTÍFICOS ABERTOS
Luis Fernando Sayão (CNEN)

22/05 – HUMANIDADES DIGITAIS E CIÊNCIA ABERTA
Luis Antonio Coelho Ferla (Unifesp)

Local: COEPE/IBICT Rua Lauro Muller, 455 – 4º andar – Botafogo – Rio de Janeiro
Horário: 14:00 às 17:00 h

Inscrições neste formulário. Serão concedidos certificados com 75% de presença.

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CC-BY-SA from https://commons.wikimedia.org/wiki/File:HumanChromosomesChromomycinA3.jpg

Notícia na Agência Fapesp fala sobre a The Global Alliance for Genomics and Health (GA4GH) e sua integrante brasileira, a Brazilian Initiative on Precision Medicine (BIPMed).

“Os primeiros esforços de compartilhamento têm permitido desenvolver tratamento para doenças raras e algumas formas de câncer. Porém, tal benefício só atingirá toda a população quando médicos e pesquisadores puderem acessar e comparar dados de milhões de indivíduos”

O consórcio internacional foi fundado em 2013 com esse propósito: ajudar pacientes, pesquisadores e médicos a obter avanços científicos por meio do compartilhamento responsável de dados. Um dos projetos mais conhecidos do grupo é o Beacon, no qual as instituições associadas – entre elas a BIPMed – oferecem um serviço online capaz de responder perguntas simples (como respostas apenas “sim” ou “não”) e que não violem informações consideradas sigilosas. São consultas como: “Você tem em seu banco algum genoma com um ‘A’ na posição 100.735 no cromossomo 3?”

“É preciso mudar a cultura acadêmica, amenizar o sentimento de posse que os pesquisadores têm com os dados. Na maioria das vezes eles são fruto de pesquisas financiadas com dinheiro público e contam com material doado por outras pessoas. Os pesquisadores financiados pelo NIH, por exemplo, têm a obrigação de tornar seus resultados públicos, sob pena de não serem mais financiados. A mesma política poderia ser adotada pelas agências de fomento do Brasil”, comentou Cendes.

Veja a notícia ínteira na Agência Fapesp.

De <http://openhardware.science/wp-content/uploads/2016/05/GOSH2016_gahtering.png>

Os participantes do Primeiro Encontro de Hardware Científico Aberto e Livre, que ocorreu em Março de 2016 em Genebra, na Suiça, elaboraram o Manifesto GOSH (Global Open Science Hardware).

O manifesto estabelece os princípios de Hardware Aberto e Livre para Ciência Global (tradução livre), qualificando-o quanto a acessibilidade, qualidade de ciência, ética, transformação da cultura científica, entre outros. É um importante documento para guiar as novas gerações de cientistas e tecnologistas. Também é importante apontar para as transformações em curso da ciência no que se refere ao hardware, uma vez que até hoje a discussão de abertura ficou centrada na questão de acesso às publicações científica e aos dados científicos.

Acesse o manifesto em http://openhardware.science/gosh-manifesto/. Você também pode, assim como eu fiz, endossá-lo.

Domínio público - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Earthlights_2002.jpg

A União Europeia está dando um salto nas questões de abertura de conhecimento. Acabou de ser publicado um estudo, na forma de livro intitulado Open innovation, open science, open to the world, disponível para download.

Este estudo foi encomendado ao Comissário Europeu para a Investigação, Inovação e Ciência pelo próprio presidente da União Europeia. Destaco que este estudo trás muitos dos elementos aplicados no Centro de Tecnologia Acadêmica do Instituto de Física da UFRGS desde sua fundação.

Interessante que a publicação apresenta a abertura do conhecimento como um processo natural advindo do uso das potencialidades das novas tecnologias da informação. Aponta que estimular a abertura do conhecimento é o caminho para melhor aproveitamento dos recursos públicos investidos em ciência e inovação, entre diversas outras vantagens, como as vantagens educacionais.

Apresenta princípios para a abertura do conhecimento através de inovação aberta, ciência aberta, ciência cidadã, citando indiretamente a Wikipédia. Entretanto o texto é superficial nas questões de licenciamento e modelos exemplares de inovação aberta particularmente por não mencionar o software livre e as licenças permissivas, ambos fundamentais para atingir os objetivos propostos no texto. Cita o CERN como origem da World Wide Web, porém não menciona a licença de Hardware Aberto do CERN. Enfim, tomando as questões de licenciamento e plataformas abertas e sua interação com o ensino de ciências e engenharias, os trabalhos desenvolvidos no CTA IF/UFRGS tem muito para contribuir para enriquecer este debate tanto para as questões Europeias, como também no contexto brasileiro.

A publicação sugere a utilização de um conceito chamado “Global Research Area”. Neste conceito “pesquisadores e inovadores podem trabalhar com colegas internacionais onde pesquisadores, conhecimento científico e tecnologia circulam tão livremente quando possível”. Para o Brasil, as tecnologias desejadas para ensino de ciências e engenharias são aquelas que tem as propriedades das “Global Research Area”, ou seja, “o conhecimento científico e tecnologia circulam tão livremente quando possível”.

Outro destaque são as cinco linhas de ações políticas para promover Ciência Aberta:

  1. Fostering and creating incentives for Open Science, by fostering Open Science in education programmes, promoting best practices and increasing the input of knowledge producers into a more Open Science environment (citizen science). This area is also concerned with guaranteeing the quality, impact and research integrity of (Open) Science;
  2. Removing barriers to Open Science: this implies, among other issues, a review of researchers’ careers so as to create incentives and rewards for engaging in Open Science;
  3. Mainstreaming and further promoting open access policies as regards both research data and research publications;
  4. Developing research infrastructures for Open Science, to improve data hosting, access and governance, with the development of a common framework for research data and creation of a European Open Science Cloud, a major initiative to build the necessary Open Science infrastructure in Europe; and,
  5. Embedding Open Science in society as a socio-economic driver, whereby Open Science becomes instrumental in making science more responsive to societal and economic expectations, in particular by addressing major challenges faced by society.

Mais alguns trechos interessantes:

“This publication shows how research and innovation is changing rapidly. Digital technologies are making the conduct of science and innovation more collaborative, more international and more open to citizens.”

“Put simply, the advent of digital technologies is making science and innovation more open, collaborative, and global.”

“… What is meant by Open Innovation? The basic premise of Open Innovation is to open up the innovation process to all active players so that knowledge can circulate more freely and be transformed into products and services that create new markets, fostering a stronger culture of entrepreneurship.”

“… specific innovation can no longer be seen as the result of predefined and isolated innovation activities but rather as the outcome of a complex co-creation process involving knowledge flows across the entire economic and social environment.”

Challenges in areas like energy, health, food and water are global challenges.

“We need to be Open to the World! Europe is a global leader in science, and this should translate into a leading voice in global debates. To remain relevant and competitive, we need to engage more in science diplomacy and global scientific collaboration. It is not sufficient to only support collaborative projects; we need to enable partnerships between regions and countries.”

“…for a rapid and effective global research response to outbreaks like Ebola or Zika; contributing to the evidence base for the International Panel on Climate Change and COP21 negotiations…”

“To maximise their potential, the main components of the ‘Open Innovation’ and ‘Open Science’ policies should also be ‘Open to the World’.”

“One focus has been on the concept of a Global Research Area where researchers and innovators are able to work together smoothly with colleagues worldwide and where researchers, scientific knowledge and technology circulate as freely as possible.”

Texto completo disponível em http://bookshop.europa.eu/en/open-innovation-open-science-open-to-the-world-pbKI0416263/

Imagem em: http://f1000research.com/articles/5-632/v2

Ni!

Foi publicado no periódico F1000 Research um artigo importante que agrega evidências atuais sobre o acesso aberto:

The academic, economic and societal impacts of Open Access: an evidence-based review.

Nele estão discutidos o impacto em citações, por métricas alternativas, na mineiração de dados, nas editoras, nos custos, em inovação tecnológica, em países em desenvolvimento, e a relação mais geral com dados científicos abertos e ciência aberta.

O artigo, que também inclui uma breve história do assunto, é resultante de discussões iniciadas na OpenCon 2015. A F1000 Research é uma revista inovadora com revisão por pares abertas e contínua. O artigo encontra-se na sua segunda revisão após comentários dos pareceristas e de leitores, também acessíveis na página.

Um texto importante para se atualizar ou se introduzir no assunto.

Abraços e boa leitura!

Origem: http://outraspalavras.net/wp-content/uploads/2016/04/CeT-01.png em http://outraspalavras.net/brasil/brasil-quando-as-universidades-desistem-da-tecnologia/

Um texto do Rafael Evangelista, sobre como universidades vem abrindo mão de sua missão no que diz respeito a tecnologias estratégicas por escassez de recursos, influências duvidosas e incapacidade de articulação intelectual para compreender os processos e aproveitar seus próprios resultados.

Brasil: Universidade sem Tecnologia?

Boas leituras e um abraço!

O texto a seguir foi escrito pela Bia Martins.

As iniciativas de Ciência Cidadã, uma das vertentes do movimento Ciência Aberta, lançam alguns questionamentos de fundo sobre as próprias fronteiras da episteme científica. Entende-se por Ciência Cidadã uma variedade de pesquisas científicas realizadas, no todo ou em parte, por leigos ou amadores. Aí incluem-se as inciativas de crowdScience, como SETI@Home; de inteligência distribuída, como Clickworkers; e ainda os chamados hackerspaces, entre outras.

São iniciativas que, por um lado, desafiam as normas estabelecidas do fazer científico, na medida em que abrem espaço para a atuação de outros atores sociais, não chancelados oficialmente com títulos acadêmicos, como aptos ao trabalho de pesquisa. Por outro, as práticas que elas ensejam podem incluir outros saberes, oriundos de vivências e experiências de pessoas comuns, o que tensiona a noção tradicional de conhecimento científico.

A incorporação de saberes não acadêmicos à pesquisa científica, inaugurando um novo regime de conhecimento, vem sendo estudada pelo professor Antonio Lafuente, pesquisador do Centro de Ciencias Humanas y Sociales, e coordenador do Laboratorio del Procomún do MediaLab Prado, ambos em Madri. Para ele, é preciso alargar a noção de Ciência Aberta para pensar uma Ciência Comum, feita não só de práticas mais abertas de pesquisa, mas construída por todos e entre todos.

Como exemplo desse tipo de saber que vem de fora dos laboratórios credenciados e afirma sua presença no espaço público, Lafuente cita o caso dos pacientes eletrossensíveis, pessoas que apresentam grande sensibilidade às ondas eletromagnéticas presentes no ambiente contemporâneo. Como são uma minoria e seus sintomas não estavam catalogados por estudos médicos, a enfermidade não era reconhecida pelos órgãos oficiais de saúde.

A partir de 1994, com a criação da ONG Associação Sueca para os Eletrossensíveis, a situação mudou de figura. Foi, então, produzido um documento com testemunhos de 350 pessoas afetadas pela enfermidade, que teve grande repercussão midiática. Só aí a doença ganhou visibilidade e, pode-se dizer, passou a existir oficialmente, pois foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde e os afetados passaram a ter direito ao atendimento médico pelo serviço público e à cobertura dos seguros privados.

Muitos outros casos nessa linha podem ser citados como a luta dos afetados pela AIDs ou a síndrome da enfermidade da Guerra do Golfo, por exemplo. Todos representam aspectos da realidade social que não são vistos ou tratados pelas instâncias institucionais, e que só ganham reconhecimento e têm suas demandas atendidas a partir de ações da cidadania. Constituem-se, de fato, em comunidades epistêmicas, isto é, em coletividades que questionam, examinam, analisam e desvendam as particularidades de suas moléstias, trazendo a público novos dados e descobertas, ao mesmo tempo em que reivindicam o atendimento às suas demandas específicas.

Expressam, portanto, outra dimensão da produção de conhecimento, para além dos muros da academia. Um tipo de pesquisa que, como diz Lafuente, prescinde de credenciais: todos podem participar, já que sua matéria-prima é o experencial, que é comum a todos, cientistas e leigos. Pois todos têm sua própria experiência como material consistente para contribuir na construção de uma Ciência Comum, para todos, por todos e entre todos.

Este post é uma brevíssima apresentação do conceito de Ciência Comum, trazido por Antonio Lafuente. Para aprofundamento, sugere-se a leitura do artigo “Modos de ciência: pública, abierta e común”, de Antonio Lafuente e Adolfo Estalella, do e-book Ciência Aberta, Questões Abertas, lançado recentemente.