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CONVITE — Participação no UEADSL 2017/1

 

Caro (a) professor (a),

o grupo Texto Livre, da Faculdade de Letras da UFMG, em parceria com o Centro de Apoio à Educação a Distância (Caed/UFMG), está promovendo o UEADSL 2017/1 – Diversidades, evento on-line e assíncrono, que debate “universidade, “EaD” e “software livre” por meio de conferências e da apresentação de artigos curtos sobre esses temas no ambiente virtual em que é sediado: http://ueadsl.textolivre.pro.br/blog/.

Nesta edição, com o objetivo de integrar mais o congresso às atividades curriculares e de explorar melhor o potencial para a formação dos discentes, a coordenação reafirmou a dinâmica original do evento, tornando-o novamente exclusivo a professores e a seus respectivos alunos.

Os docentes que tiverem interesse em se inscrever poderão adotar a participação de sua turma no UEADSL 2017/2 como uma tarefa avaliativa, no que contará com todo o apoio dos organizadores da iniciativa, do início ao fim do processo. Os estudantes inscritos deverão redigir minicurriculos, proposta de artigo e um artigo final, de 4 a 6 laudas, sobre algum dos temas correspondentes às linhas temáticas da edição ou outro que o professor submeter até 31 de março à comissão organizadora.

Todas as tarefas de cada turma são corrigidas e avaliadas pelos respectivos professores, de modo que o resultado é aquele esperado pelo professor, gerando uma diversidade saudável no evento e permitindo ao professor aproveitar as notas na disciplina.

O evento representa tanto uma conveniência para o professor, como explicado acima, quanto uma vivência inovadora para seus alunos, que poderão exercitar habilidades desenvolvidas na elaboração de trabalhos científicos, como a pesquisa, a redação acadêmica, o contato com outras áreas de conhecimento e a interação com o público.

Ao final do processo, os trabalhos integrarão os anais da edição, que são publicados no Portal de Periódicos da Faculdade de Letras da UFMG.

O evento propriamente dito acontecerá de 19 a 23 de junho, aberto e gratuito, com certificação pela Fale e pelo Caed/UFMG. As inscrições para professores vão até o dia 25 de março. Autores de artigos e ouvintes irão interagir durante esses cinco dias no blog do evento.

Para ter mais informações, entre em contato conosco: ueadsl.sec@textolivre.pro.br.

Um abraço,

Thalita Santos Felício de Almeida

Coordenadora do UEADSL 2017/1

Ana Cristina Fricke Matte

Coordenadora grupo Texto Livre

Texto de Alessandra dos Santos.

Boa tarde, pessoal. Peço licença para chamar a todos os interessados em discutir ciência cidadã, ciência aberta e afins para participar do Seminário Ciência Cidadã e determinação social da saúde: desafios e perspectivas.

CARTAZ_Evento-PPGICS-2015

O Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde, PPGICS/Icict/Fiocruz, inter e transdisciplinar por natureza, se abre como um campo privilegiado para discutir essa inflexão do conhecimento cientifico, que traz o imperativo da abertura e da participação; da mistura e da reflexividade. Que trajetórias podem ser pensadas, inventadas e traçadas para contribuir com essa nova política é o que se objetiva abrir para discussão.

Dois palestrantes vão debater os temas: os professores doutores Sarita Albagli (Instituto Brasileiro em Informação, Ciência e Tecnologia) e Luis David Castiel (Escola Nacional de Saúde Pública). A mediação será realizada pela professora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Drª. Márcia Teixeira.

O evento é uma realização da turma de doutorado de 2014 do programa, por meio da disciplina Seminários Avançados I, sob orientação da professora Drª Cristina Guimarães.

As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas por este formulário.

Outras informações podem ser encontradas na página do facebook do evento.

Serviço

O que: Seminário Ciência Cidadã e determinação social da saúde: desafios e perspectivas

Quando: 03 de julho, sexta-feira

Horário: 13h30 às 16h30

Local: Auditório do Instituto de Comunicação e Informação Tecnológica e Científica (Icict), localizado à Av. Brasil, 4.365, Biblioteca de Manguinhos – Pavilhão Haity Moussatché – sala 202 – Campus da Fiocruz, Manguinhos.

Atenção alunos!! Daremos certificado de presença mas para isso é preciso se inscrever no evento!!

Obrigada pela divulgação, Grupo de trabalho em Ciência Aberta!

Saudações!

Turma de doutorado 2014 PPGICS/Fiocruz

A plataforma +SCIENCE tem como objetivo intermediar o contato de professores do ensino médio da rede pública de ensino, com interesse no desenvolvimento de atividades de pesquisa em suas escolas, com estudantes de mestrados e doutorados apoiados pelo Governo Brasileiro.

Funciona da seguinte maneira: os professores interessados preenchem o formulário online com os dados de sua escola, grupo de alunos envolvidos e principais interesses científicos, juntamente com uma breve proposta de projeto de pesquisa de, no máximo 3 páginas, contendo título, grupo de trabalho (alunos e outros professores), área de concentração, introdução, objetivos, metodologia, resultados esperados, e a bibliografia básica. Já os estudantes de mestrado e doutorado interessados devem preencher o formulário PhD Action com seus dados acadêmicos e principais áreas de atuação. É valido lembrar que, para a inscrição é necessário confirmar a disponibilidade de 1 hora semanal para apoiar os grupos de pesquisas das escolas públicas brasileiras. 

A equipe responsável por selecionar as propostas das escolas entra em contato com os alunos de doutorado para que pontos de sinergia sejam identificados e assim possam juntos iniciar os trabalhos de montagem e execução do projeto.

A iniciativa surgiu da intenção de alguns estudantes em dar uma contrapartida direta de sua condição de bolsistas ao sistema educacional público brasileiro, levando em conta que um dos pilares sobre o qual se assenta a universidade pública brasileira é a extensão, elemento indissociável da pesquisa e do ensino acadêmicos. Até o momento, a plataforma dispõe de cerca de 40 horas disponíveis, que correspondem a 40 alunos que se dispuseram a ajudar e orientar os projetos, oriundos e diversas universidades, tais como: Universidade do Porto, Universidade do Minho, Universidade de Aveiro, University College Cork, Universidade de Alberta, Universidade de Lisboa, Universidade Federal do Paraná, Dublin Institute of Technology, Universidade de São Paulo, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Universidade de Glasgow, Florida Institute of Technology, Universidad del País Vasco, Aix-Marseille Université, University of Minnesota, Cornell University, Texas Tech University, Tulane University e Universidade de Santiago de Compostela. Já são 44 pesquisadores voluntários cadastrados e duas escolas cearenses participando: a Escola de Ensino Médio de Irauçuba, em Irauçuba, e a Escola Estadual de Educação Profissional José Ribeiro Damasceno, no Trairi. Além disso, três escolas do Rio Grande do Sul entraram em contato para mais informações sobre o projeto.

O Brasil tem um número cada vez maior de mestres e doutores, com pesquisas e produções científicas gerando impacto na indústria, na medicina, por exemplo, mas isto não necessariamente tem reflexos no ensino público, pois é pequeno o número de profissionais que se voltam para a atuação nas salas de aula. A escola é a práxis, é onde o lema “Pátria educadora” ganha corpo, onde o destino social e profissional dos jovens é muitas vezes definido. Por isso a intenção de atuar diretamente com esse público.

Texto publicado à pedido da autora, Sarah Schmidt.

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Jovens de Campinas entre 13 e 16 anos que se interessam por tecnologia e programação podem se inscrever para participar do projeto Jovem Hacker – Edição Cultura Digital até o dia 30 deste mês, por meio do site http://jovemhacker.org/. A formação gratuita é composta por oficinas sobre lógica de programação, software livre e desenvolvimento de programas e jogos. Algumas linguagens como HTML, CSS, Python e JavaScript serão trabalhadas com os alunos.

A proposta dos encontros é a de que os jovens, após participarem das oficinas iniciais, criem seus próprios programas com a orientação dos programadores que ministrarão as aulas. Ao final dos encontros, tais criações serão divulgadas para a população.

Os jovens interessados devem preencher uma ficha de cadastramento por meio da página http://jovemhacker.org/inscricao. As oficinas vão ocorrer sempre às quartas-feiras, de 13/5/2015 e 25/11/2015, das 13h30 e às 17h30, no CDI-Campinas (próximo ao Hospital Mario Gatti). Os participantes terão direito a vale-transporte e lanche durante o evento. Atenção: somente receberão certificado de participação os alunos que tenham menos de duas faltas.

Espera-se que sejam desenvolvidos programas e ações que beneficiem a própria sociedade, uma vez que um dos objetivos do projeto Jovem Hacker é auxiliar na formação de uma geração que seja autônoma tecnologicamente e que, consequentemente, esteja melhor preparada para definir os rumos do desenvolvimento tecnológico na cidade e no País.

Baseado em alguns princípios da chamada “Ética Hacker” como uso de software livre, compartilhamento livre de códigos de programação e trabalho colaborativo, o projeto pretende tornar os participantes mais conscientes sobre o funcionamento de programas e dispositivos digitais com os quais eles lidam todos os dias, mas muitas vezes não entendem seus mecanismos e funcionamento.

Desta forma, pretende-se que os participantes se tornem “tinkerers” ou “fuçadores” que possam entender os princípios dos códigos de computadores, personalizar, modificar e criar em cima de códigos e programas existentes.

O projeto Jovem Hacker é uma iniciativa do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Coletivo Revoada.

Somente duas cidades foram contempladas com o Edital na área de cultura digital e Campinas está entre elas

O programa Jovem Hacker – Edição Cultura Digital foi contemplado pelo Edital nº 33/2014, “Concurso de apoio a projetos especiais – moda, gastronomia, artesanato e cultura digital – no Estado de São Paulo”, do Programa de Ação Cultural (Proac) da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo.

Além de Campinas, apenas mais uma cidade foi contemplada na categoria de cultura digital: Cananéia. O resultado do edital pode ser acessado aqui: http://www.cultura.sp.gov.br/StaticFiles/SEC/edital/33_rf_14.pdf

O projeto pioneiro nasceu em Campinas: uma experiência piloto ocorreu no primeiro semestre de 2014, quando uma turma formada por dez pessoas foi selecionada. Os jovens trabalharam com a linguagem Scratch e cada participante desenvolveu um jogo como produto final. Os jogos criados por eles podem ser conferidos no link http://jovemhacker.org/jogos-desenvolvidos-pela-1a-turma/.

Nesta sexta serão abertas as inscrições para o UEADSL – Congresso Nacional Universidade EAD e Software Livre – de 10 a 17 de abril: http://ueadsl.textolivre.pro.br

Trata-se de um evento com caráter didático: as etapas iniciais não são eliminatórias, permitindo aos participantes reformularem sua proposta – inclusive minicurrículo – a partir da orientação recebida da Comissão Científica.O principal objetivo é ampliar os horizontes das discussões intra-classe para o universo online, com a participação de diferentes comunidades de software livre e ciência aberta, dentre outras.

O UEADSL, promovido pelo grupo Texto Livre, acontece desde o segundo semestre de 2010  e esta é a primeira edição com participação de professores de outros estados (nomes na comissão científica, na página http://textolivre.pro.br/blog/?page_id=2).
Em virtude dessa participação, prevista desde o início, o UEADSL conta com um sistema de gerenciamento do evento online altamente escalável e estão sendo preparados tutoriais de orientação para os professores iniciantes no processo, disponíveis em http://ueadsl.textolivre.pro.br/arquivos/. O tutorial sobre inscrição de turmas explica o processo da primeira etapa de submissão de trabalhos. Os trabalhos apresentados e que tiverem avaliação suficiente pela Comissão Científica serão publicados nos anais.

Da FALE/UFMG já temos confirmada a participação de alunos de graduação e pós-graduação.

Para saber mais:

 Participe!
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Matéria publicada em Outras Palavras com licença Creative Commons Atribuição-CompartilhaIgual.

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Por trás do suposto rigor das publicações “de excelência” pode estar o epistemicídio — a tendência da Academia a sepultar pensamentos dissidentes. Mas há alternativas

Por Alex Martins Moraes

O que a entrega do prêmio Nobel de medicina 2013 e a divulgação dos resultados da avaliação trienal do sistema de pós-graduação no Brasil têm em comum? Além de ambos os eventos terem ocorrido na primeira quinzena de dezembro, eles também convergem, por razões distintas, em outro sentido: representam uma boa oportunidade para repensar e criticar as modalidades vigentes de produção do conhecimento em nosso país.

O biólogo molecular estadunidense Randy Wayne Schekman, que recebeu o prêmio Nobel junto com seus pares James Rothman e Thomas Südhof, aproveitou a visibilidade pública proporcionada pela premiação para instaurar uma forte polêmica com algumas das publicações científicas mais importantes no campo das ciências biológicas. Em coluna publicada no The Guardian um dia antes da cerimônia do Nobel (versão em espanhol publicada pelo El País), Randy Schekman acusou as revistas Nature, Science e Cell de prestarem um verdadeiro desserviço à ciência, difundindo práticas propriamente especulativas para garantirem seus mercados editoriais. Entre estas práticas, Schekman menciona a redução artificial da quantidade de artigos aceitos para publicação, a adoção de critérios sensacionalistas na seleção das colaborações e um total descompromisso com a qualificação do debate científico. Schekman conclui sua intervenção com o seguinte chamado à comunidade científica: “Da mesma forma que Wall Street precisa terminar com o domínio da cultura dos bônus, que fomenta certos riscos que são racionais para os indivíduos, mas prejudiciais para o sistema financeiro, a ciência deve se libertar da tirania das revistas de luxo. A consequência dessa escolha será uma pesquisa que sirva melhor aos interesses da ciência e da sociedade”.

Northern Qi Scholars

Aparentemente refratária a esse tipo de crítica – que, aliás, vem se tornando cada vez mais comum em todas as áreas do conhecimento–, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) confere um peso decisivo às publicações em revistas de alto impacto no momento de avaliar o desempenho e a qualidade dos cursos de pós-graduação brasileiros. Para a antropologia, área da qual provenho, a avaliação da CAPES atribui um peso de 40% sobre a nota final à produção intelectual dos docentes de cada instituição. Na prática isto significa que, para atingir os conceitos máximos de avaliação (6 e 7), um determinado programa de pós-graduação deve esperar que todos os seus professores de mestrado e doutorado efetuem – para citar diretamente o roteiro de avaliação da CAPES – “a publicação de resultados de pesquisa, sob a forma de artigos em periódicos científicos, livros e capítulos de livros qualificados, com destacada proporção e média por docente nos estratos A1, A2 e B1 do Qualis Periódicos”. Levando em conta a quantidade de artigos publicados pelos docentes permanentes dos programas de pós-graduação em antropologia mais produtivos no triênio 2010-2012, o “ideal” seria, em média, cerca de duas publicações por ano por docente em revistas indexadas – isto sem mencionar as demais publicações, como livros, capítulos de livros, audiovisuais, relatórios técnicos, etc.

A avaliação da CAPES na área antropologia/arqueologia não leva em conta o fator de impacto das publicações, dado que a maioria das revistas de ciências humanas não dispõe dos meios para quantificá-lo. Neste caso, a classificação dos periódicos nos estratos A1 e A2 exige, entre outras coisas, que eles figurem em indexadores internacionais. Já o estrato B1 requer que figurem em pelo menos dois indexadores, sejam eles internacionais ou não. Outras áreas, como a medicina, adotam diretamente uma classificação elaborada com base na mediana do fator de impacto das revistas, obtidos junto ao Journal Citation Reports (JCR) e calculados anualmente pelo ISI Web of Knowledge. Isto implica o condicionamento da avaliação da produção científica às dinâmicas do mercado editorial internacional, com todas as consequências aventadas por Randy Schekman em seu artigo no The Guardian. Pior ainda, ao aplicar classificações desta ordem, a CAPES enfraquece o próprio parque editorial nacional e favorece uma forma questionável de internacionalizar a produção científica, colocando as revistas mantidas por universidades públicas e entidades de classe em detrimento de periódicos estrangeiros, financiados, em sua maioria, pela iniciativa privada e aferrados aos cânones da propriedade intelectual.

No caso das ciências sociais e humanas, o produtivismo amparado pelas avaliações da CAPES se materializa numa miríade de efeitos preocupantes, alguns deles inesperados. Não me refiro apenas à precarização do trabalho de professores e estudantes ou à perda de organicidade da produção intelectual decorrente da ênfase obsessiva na escrita de artigos e de apresentações para congressos. Talvez o aspecto mais assustador e menos criticado de uma avaliação da pós-graduação inspirada pela ideologia produtivista seja que ela ampara o epistemicídio. O epistemicídio – noção desenvolvida, entre outros, por Boaventura de Sousa Santos – consiste na eliminação ou inferiorização ativa de algumas formas de conhecimento em favor de outras, consideradas mais desejáveis no marco de uma dada estratégia de poder. Por exemplo, a anulação de certos saberes locais, sua folclorização ou deslegitimação pública foi e é uma modalidade de epistemicídio aplicada sobre diversas populações ao longo das experiências coloniais na América, Áfria e Ásia. O produtivismo está a serviço do epistemicídio porque bloqueia ou dificulta seriamente e emergência de outras formas de construção e enunciação do conhecimento em um momento de relativa democratização das universidades públicas brasileiras. Em poucas palavras, o produtivismo compromete a diversidade das formas de fazer ciência e a própria criatividade humana no exato momento em que se converte em critério valorativo hegemônico para a distribuição dos recursos necessários à produção de conhecimento. Ao erigir-se como critério chave de avaliação da relevância da produção intelectual, ele impõe sistemas de hierarquização que só fazem reiterar privilégios epistêmicos de longa data e comutá-los, logicamente, em privilégios político-institucionais. Só as modalidades mais conservadoras e pouco imaginativas de fazer ciência se adaptam, sem grandes problemas, aos atuais imperativos de quantificação. Já os estudos guiados pela co-investigação prolongada e participativa, os amplos panoramas exploratórios, as práticas colaborativas e situadas de escrita científica, etc. não conseguem sobreviver a esses imperativos.

As ciências sociais e humanas hegemônicas, legitimadas pelo produtivismo, marginalizam – ou produzem como inexistentes – outras práticas de produção intelectual; elas impõem seu universalismo abstrato ao pluralismo real dos discursos e das práxis intelectuais vigentes na universidade e fora dela. As instituições encarregadas de produzir conhecimento humanístico manejam orçamentos que, sem serem os mais robustos do sistema universitário brasileiro, não podem, ainda assim, considerar-se insignificantes. Trata-se de orçamentos conformados com dinheiro público acumulado através da cobrança de impostos majoritariamente regressivos a populações empobrecidas. Estes recursos têm sido aplicados, frequentemente, no estímulo de uma dinâmica universitária tendente a afastar estudantes e professores da problematização dos dilemas reais suscitados pela vida democrática em nosso país. Na prática, os chamados “problemas de investigação” acabam sendo inventados nos corredores da academia – ou importados dos debates prestigiosos e “de ponta” do norte global – para serem “resolvidos” no “lado de fora empírico”, com as “pessoas comuns” e depois convertidos em digressões que atendem apenas à agenda editorial vigente no mercado das publicações acadêmicas. Como se não bastasse, o dinheiro público destinado à formação de jovens pesquisadores no exterior é por vezes “investido” na perpetuação da subalternidade epistêmica das academias do sul global mediante editais que reiteram regimes de legitimidade científica diretamente coloniais.

Com a hegemonia da quantificação na elaboração dos sistemas de avaliação científica, cada vez menos a universidade poderá ser concebida como espaço de estímulo ao florescimento de “ciências sociais de outra forma”, baseadas no sentido de responsabilidade e colaboração em pesquisa, no cultivo de vínculos duradouros e qualificados com comunidades e sujeitos e na articulação entre problemáticas investigativas e dilemas socialmente compartilhados. Nossos prestigiosos programas de pós-graduação mais se assemelham organismos autistas, imersos em transe profundo, alheios a qualquer preocupação com a importância social do conhecimento científico. O que parece dinamizar a produção de conhecimento é a própria vontade de produzir racionalizada e eficientemente. Grosso modo: produção pela produção. Eis o círculo virtuoso (ou seria círculo vicioso?) do saber.

O que fazer num cenário em que a quase totalidade da produção de conhecimento promovida pelas ciências sociais e humanas encontra-se submetida a um estandarte geral de avaliação caracterizado pela (in)determinação quantitativa de toda a qualidade? Michael Eisen, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, que reagiu positivamente às criticas levantadas por Randy Schekman nas vésperas da entrega do Nobel, sugere a criação de sistemas alternativos de legitimação das práticas intelectuais. Para ele, todos os cientistas deveriam “atacar o uso das publicações para avaliar os pesquisadores, fazendo-o sempre que possível quando contratarem cientistas para o seu próprio laboratório ou departamento, quando revisarem as solicitações de financiamento ou julgarem os candidatos para uma vaga” (ver matéria no El País). Mais próximos de nós, os estudantes de mestrado em Antropologia Social da UFRGS, que paralisaram suas atividades acadêmicas na primavera de 2011 para questionar o produtivismo e as genealogias institucionais estabelecidas também oferecem uma alternativa: “paremos para pensar”. Esta, que foi a consigna da sua greve, nos alenta com a perspectiva de que a desestabilização da engrenagem produtivista é possível através da conformação de uma ética e de uma prática intelectual alternativa. Ao comentar a greve dos estudantes de Porto Alegre, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos concluiu o seguinte: “O vosso movimento (…) é parte dessa sociologia das emergências, porque é gente que está em busca de uma renovação epistemológica, política e o faz entre si, em pequenos grupos. Certamente os meios de comunicação não noticiaram, certamente não foi útil para o currículo deles ou para o programa de estudos deles, mas estão a emergir outras realidades” (entrevista completa na Tinta Crítica).

Talvez estas práticas “dissidentes” sejam um caminho para explorar novas lealdades e alianças políticas que conduzam a vias alternativas de legitimação da produção intelectual. O desafio, portanto, é erigir espaços profissionais dignos e reconhecidos mais além das aparelhagens institucionais produtivistas, de forma a superar as tentativas de epistemicídio e abrir passagem à proliferação de práticas intelectuais indisciplinadas, ecumênicas e participativas. Assumindo tal postura, corremos o risco de perdermos, num primeiro momento, o aval dos números, dos mercados editoriais e da tecnocracia, mas ganhamos um valioso terreno para construir objetividade e provar a validade dos nossos postulados: a práxis humana. Neste terreno pode vicejar uma ciência sucessora, amparada em novas redes de diálogo em política; uma ciência aberta a programas de investigação nos quais a verdade reside, parafraseando novamente a Boaventura de Sousa Santos, naquele conhecimento “que nos guia conscientemente e com êxito na passagem de um estado de realidade para outro estado de realidade”.

A tarefa parece hercúlea e certamente nem todos os pesquisadores estarão interessados em aceitá-la. Uma coisa, no entanto, é certa: ao desenvolver investigações, emitir laudos de demarcação de terras indígenas, frequentar eventos acadêmicos, escrever textos, produzir imagens, enunciar discursos políticos, etc. os cientistas sociais incorporam e colocam em ato suas disciplinas. E é por esta mesma via que também estão em condições de colocá-las em questão, disputando seus efeitos e funções. Nós podemos, portanto, atuar no registro da reprodução, abastecendo o aparelho disciplinar herdado, ou podemos bloquear a atualização de certas dinâmicas produtivas, exercendo uma reflexão crítica e pragmática a respeito das ferramentas político-institucionais disponíveis à ação transformadora.

Alex Moraes
É antropólogo, realiza estudos de doutorado no Instituto de Altos Estudios Sociales (Buenos Aires) e faz parte da Rede de Antropologia Crítica.

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O Blog da SciELO publicou recentemente uma boa entrevista com Átila Iamarino, um dos colaboradores do grupo de trabalho em Ciência Aberta, sobre a blogosfera científica e seu impacto no trabalho e relação entre cientistas e difusão com o público.

Leia e ouça aqui: Entrevista com Atila Iamarino no SciELO em Perspectiva

Conheça mais sobre o trabalho do Átila, inclusive o vídeo da sua apresentação no I Encontro do Grupo de trabalho em Ciência Aberta, no caso Science Blogs do Manual de Ciência Aberta que estamos construindo.

Nota: Este post foi inspirado por esse post de Nina Paley e as imagens foram originalmente publicadas no mesmo post. Para quem não conhece, Nina Paley é uma artista plástica contra o direito autoral e suas obras são licenciadas sob CC-BY ou domínio público.

Propaganda: se você está procurando um presente de natal para alguém, considere esse livro da Nina Paley. É um dos poucos livros não técnicos sob CC-SA que conheço.

Quando falamos de conhecimento livre estamos nos referindo aquele que, dentre outras coisas, podemos repassar aos nossos amigos e cuja única condição aceitável seja citar o autor original. A transmissão do conhecimento livre é maravilhosamente ilustrada na animação abaixo.

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Infelizmente ainda vivemos em um mundo onde a maior parte do conhecimento não é livre, seja por questões financeiras ou pela lei de direitos autorais cuja desobediência pode levar a multas e até prisões. Independente do motivo pelo qual o conhecimento não circula, indivíduos ficam tristes (ver image abaixo).

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Se você também está infeliz com a realidade atual, retire um dos itens da sua lista de resoluções de ano novo participando do próximo encontro mensal da OKF-BR (maiores informações aqui).

Ni!

Ei-los abaixo, finalmente, os vídeos do encontro do grupo de trabalho realizado em junho de 2013!

Um agradecimento coletivo ao Raniere, que cortou, editou e fez os letreiros, à equipe de audiovisual do IFUSP, pela transmissão ao vivo e captura, e ao Thiandré, que nos mostrou como limpar o som ruidoso.

Para uma descrição resumida do que foi o encontro, quem eram os palestrantes e o que cada um apresentou, vejam o post Relato do encontro nacional do grupo de trabalho – dia 7.

Abertura do encontro

Educação aberta

Debora Sebriam (REA-BR)

Tel Amiel (Unicamp)

Debate

Ferramentas científicas abertas

Rafael Pezzi (UFRGS)

Fabio Kon (CCSL/IME-USP)

Daniel Tavares (LNLS)

Acesso aberto

Cameron Neylon (PLOS)

Sueli Ferreira (USP)

Marcos C. Visoli (Embrapa)
A partir dos 33:50 do vídeo anterior (Sueli Ferreira)

Ciência cidadã

Atila Iamarino (Science Blogs Brasil)

Artur Rozestraten (USP)

Eduardo Oda (GHC)

Dados científicos abertos

Henrique Andrade (Wikimedia Foundation)

Jorge Machado (USP)

Ewout ter Haar (USP)

Robson Souza (USP)

Wikipesquisas

Alexandre Hannud Abdo (USP)